Ação do TRE-SP em centro de convivência incentiva participação das pessoas idosas nas eleições
Frequentadores do Polo da Terceira Idade assistiram a palestra sobre a importância do voto e fizeram atividade com a urna eletrônica; iniciativa foi organizada pela Escola Judiciária Eleitoral Paulista
Uma palestra sobre o processo eleitoral seguida de atividade com urnas eletrônicas incentivou a participação das pessoas idosas nas eleições municipais. A ação foi realizada pela Escola Judiciária Eleitoral Paulista (Ejep) do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), nesta quarta (25), no Polo Cultural da Terceira Idade do Cambuci, área central da capital. Após as atividades de condicionamento físico e cognitivo da manhã, os frequentadores do espaço de convivência assistiram a uma exposição dialogada que mostrou as mudanças no sistema de votação e ainda puderam treinar como votar nas urnas eletrônicas. Também participaram da iniciativa alunas e alunos do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) da região.
A aposentada Elza Hasegawa, 75 anos, afirmou que a conscientização das pessoas idosas é importante para a escolha democrática dos representantes nas prefeituras e câmaras municipais. “Temos que valorizar o voto, eu vou votar até morrer. Já fui mesária, eduquei meus filhos e os incentivei a votar desde os 16 anos. Uma das minhas filhas mora no Japão e transferiu o título para lá. Ela vota para presidente de quatro em quatro anos. Eu vejo os debates, vejo jornal, leio, verifico tudo antes de escolher o candidato”, disse.
Outro frequentador do centro de convivência, Antônio Carlos Confessor afirmou que estava pensando em não votar neste ano, entretanto, mudou de ideia após a palestra da Ejep. “Tenho 73, meu voto já não é obrigatório. Estava desanimado, mas ouvi a exposição e percebi que é importante continuar votando. Afinal, estamos dando poder para outras pessoas decidirem o nosso futuro, temos nossa responsabilidade como cidadãos. Se não votarmos, depois vamos reclamar de quê?”
Alerta para fake news
A iniciativa da Ejep integra o programa “A Justiça Eleitoral vai até você!” e também alertou as pessoas idosas para a identificação de fake news e conteúdos produzidos por inteligência artificial. O objetivo é incentivar essa parcela do eleitorado a checar as notícias recebidas por meios digitais. “Chamamos a atenção para o uso dessas tecnologias manipuladas para que vocês tenham o direito de escolher da melhor maneira possível um candidato, que as ideias dele estejam de acordo com a de vocês. Muitos pensam em não votar por não serem mais obrigados, mas será que a melhor saída é deixar que os outros decidam por nós?”, indagou a coordenadora da Ejep, Vanessa Diniz, durante a palestra.
A coordenadora do Polo da Terceira Idade, Tina Cruz, explicou que o centro de convivência da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania é voltado para pessoas com 60 anos ou mais e tem quase 550 cadastrados. “Somos um centro de referência. Oferecemos atividades físicas e de condicionamento cognitivo, trabalhamos a questão da saúde mental, do envelhecimento ativo, saudável, atuamos contra as demências e alertamos para a violência contra a pessoa idosa. A maioria tem 72, 73, 74 anos, mas se sente com 52, 53, 54.”
Segundo ela, a ação do TRE-SP é fundamental não só para a eleição municipal, mas também para escolha das conselheiras do polo. “É importante porque os frequentadores vão entender o funcionamento da urna eletrônica, e a ação discute a inclusão digital, algo novo para esse público. E temos a votação dos representantes do centro em breve, são eles que ajudam na gestão, na tomada de decisões, na fiscalização das atividades e propõem melhorias. Eles vão eleger internamente quatro conselheiros e os suplentes para um mandato de dois anos”.
Luta por mais políticas públicas
Duas das frequentadoras e atuais conselheiras do centro, as aposentadas Cléo Crispim, 80, e Marta Arouche, 74, contam que é difícil convencer as pessoas idosas a continuarem votando, principalmente após os 70. “O idoso não sai de casa para votar. Somos mais de 2 milhões somente na capital, ou seja, sozinhos podemos eleger um candidato. Não fazemos política aqui, mas a gente traz palestras para incentivar, queremos que eles despertem para questões de acessibilidade, transporte, segurança”, disse Cléo. “Precisamos escolher os nossos representantes para sermos lembrados, ter mais políticas públicas”, completou Marta.