Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial convida a refletir sobre expressões racistas

Comissão de Promoção de Igualdade Racial do TSE editou a cartilha “Expressões Racistas" para alertar sobre a utilização desses termos

Comissão de Promoção de Igualdade Racial do TSE editou a cartilha “Expressões Racistas" para ale...

Instituído pela ONU em 1979, 21 de março é o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial. No Brasil, a discriminação aos negros (pretos e pardos), fruto de um passado escravocrata, ainda é muito presente no cotidiano, deixando diversas marcas, inclusive em nosso vocabulário. 

Quem nunca ouviu expressões como “chuta que é macumba!”, “da cor do pecado”, “humor negro” e tantas outras. Essas falas muitas vezes são naturalizadas e reproduzem um discurso ofensivo à população negra.

Para alertar sobre a utilização desses termos, a Comissão de Promoção de Igualdade Racial do TSE editou a cartilha “Expressões Racistas: Por que Evitá-las”. Conheça alguns desses vocábulos e maneiras de substituí-los.

  • “Cabelo ruim” ou “cabelo duro”:  expressão que associa características físicas de pessoas negras a coisas ruins ou de qualidade inferior. Cabelos possuem diferentes densidades, formas e tonalidades, mas não há um melhor ou pior que o outro. Substitua por “cabelos crespos” ou “cabelos cacheados”, conforme as características;
  • “Chuta que é macumba!”: revela o desejo de afastar algo ruim. Surgiu no século 19, em meio à perseguição aos cultos afro-brasileiros na Bahia. Os populares eram incitados a destruírem oferendas rituais associadas às religiões de matriz africana o que, até hoje, faz com que muitos as relacionem a algo maléfico. No lugar, use “para longe de mim!” ou “sai daqui!”;
  • “Cor de pele”: expressão usada para identificar tons de bege, fazendo expressa alusão à pele branca. Transmite a ideia de que as cores claras devem ser consideradas como padrão para representar a pele humana. Não existe uma cor capaz disso, pois há uma infinidade de tonalidades que variam de pessoa para pessoa. Substitua pelo tom respectivo de bege;
  • “Da cor do pecado”: essa expressão foi até tema de músicas e título de novela. O vocábulo remete a mulheres negras e a imagem sexualizada que se faz delas. O termo não é nada elogioso e merece ser abandonado;
  • “Humor negro”: tipo de comédia que se baseia em algo mórbido, macabro ou ilícito. O uso embute uma ideia preconceituosa que associa algo fora do padrão de normalidade à pessoa negra. Substitua por “humor ácido”.  

Confira o conteúdo completo da cartilha e, caso conheça outros vocábulos racistas que devam fazer parte da publicação, envie sua sugestão para o e-mail nid@tse.jus.br.

Preconceito, discriminação racial ou racismo?

Embora muitas vezes sejam utilizados como sinônimos, há diferenças entre os termos. O jurista e ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Luiz de Almeida, traz as definições em sua obra “O que é Racismo Estrutural?”.

  • Preconceito: julgamento prévio sobre determinada pessoa ou grupo, não necessariamente relacionado ao seu fenótipo (conjunto de traços observáveis);
  • Discriminação racial: entendida como o tratamento diferenciado dado a alguém ou a um grupo em razão da raça. Por exemplo, ao proibir uma pessoa negra ou indígena de frequentar um determinado espaço;
  • Racismo: termo que engloba práticas preconceituosas e discriminatórias, mas também todas as relações de opressão  sociais, políticas, jurídicas e econômicas direcionadas somente a grupos étnico-raciais subalternizados (considerados inferiores). Assim, é incorreto usar o vocábulo racismo reverso, pois não existe um sistema de opressão com relação às pessoas brancas. 


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