Panfletos com a identificação das nove chapas que participaram da eleição para o grêmio estudantil foram colados nas paredes do Colégio Mackenzie, no Centro de São Paulo. Reunidos no pátio da instituição, alunos do 6º ao 9ª ano votaram em urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) e elegeram a chapa “É Nóis” para mandato de um ano. O grupo obteve 176 votos, ou seja, 23,4% do total (750).

Em meio à votação, estudantes debateram as etapas do processo eleitoral e tiraram dúvidas sobre o funcionamento das urnas, transformando a ação em uma verdadeira aula sobre a democracia.

“É uma oportunidade que a gente tem de aprender a ser cidadão. Teve debate entre os candidatos, como numa eleição de verdade. A gente aprende a receber críticas, ouvir dos alunos o que eles acharam de cada proposta”, disse Ariele Paixão, 15. Ela concorreu ao pleito na chapa “Paixão Mackenzista”, que obteve 73 votos.

• Futuros eleitores e eleitoras escolhem representantes com a urna eletrônica
• Mais de 700 estudantes da zona leste elegem representantes do grêmio na urna eletrônica

Nenhum dos estudantes participantes do projeto votou nas eleições oficiais. Depois da ação, alguns manifestaram o desejo de tirar o título antes dos 18 anos. “Podemos votar a partir dos 16. Vou tirar o meu título porque acho que devemos contribuir ao máximo  com a democracia, um voto faz diferença”, afirmou a aluna Gabriela Gontijo, 14, que atuou como mesária.

Debate e campanha

Para o aluno Pedro Raffy, 14, a experiência com a eleição revelou um processo mais completo. “É muito mais do que ter proposta boa. Você tem que ter uma campanha, fazer um bom debate, saber falar, defender as ideias, não é só chegar e falar ‘eu vou fazer isso ou aquilo’”, comentou.

Estudante do 9º ano, Joana Brito, 15, atuou como mesária. “Eu acho que todo mundo vai querer tirar o título de eleitor e votar. Depois de aprender sobre as urnas, eu também quero participar como mesária”.

A iniciativa de levar as urnas às escolas e promover o debate sobre a democracia integra as ações do projeto “A Justiça Eleitoral vai até você”, organizado pela Escola Judiciária Eleitoral Paulista (Ejep) do TRE-SP. 

Um dos coordenadores do projeto no estabelecimento de ensino, o professor Ricardo Peres, disse que, embora todos do Ensino Fundamental II sejam chamados para a eleição, as chapas são compostas por discentes do 9ª ano.

“Eles montam as siglas, os partidos, toda a estrutura de mídia social. Fazem as prévias dentro da sala para escolher o candidato e então vão disputar a eleição. Queremos fazer do aluno um cidadão atuante na sociedade, sendo um agente transformador social”.

Inclusão

Alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) participaram da iniciativa como mesários. A auxiliar de educação do colégio, Sofia Loureiro, integrante do programa de inclusão da instituição, acredita que a atuação no pleito estimula o engajamento desses estudantes. “Há um trabalho da coordenação, com mediação dos professores e das famílias, para que eles também se envolvam na eleição”.

Pessoas que vivem com autismo têm atendimento prioritário garantido durante a votação oficial. A medida está prevista na Resolução 23.611/19, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em cumprimento às leis federais 10.048/00 – que trata da prioridade de atendimento, e 12.764/12 (Política Nacional dos Direitos da Pessoa com TEA). Durante o pleito, basta informar a condição ao presidente da seção eleitoral para ter preferência na fila.

A aluna Jamile Arman, 14, presidente da chapa vencedora “É Nóis”, que alcançou 176 votos, espera contar com o apoio de toda a escola. “Nós ganhamos graças à união de todos e queremos trabalhar juntos”. Em segundo lugar, ficou a chapa “Vagalume” (154 votos). A terceira posição foi ocupada pela chapa “Panterão” (107).

Também concorreram as chapas “Partido Acadêmicos do Povo”, “Unidos pelo 75”, “Muda Mackenzie”, “Partido dos Alunos Congregados”, “Paixão Mackenzista” e “Mackenzista Radical”

Visita ao Tribunal

Na última segunda (21), os estudantes que atuaram como candidatos e mesários na eleição do grêmio já haviam feito um treinamento com as urnas na sede do TRE-SP. Os candidatos também assistiram a uma palestra realizada pela coordenadora da Ejep, Vanessa Diniz.

Durante a visita, ainda conheceram o Plenário da Corte Eleitoral, local onde ocorrem os julgamentos, sendo recebidos pelo presidente do Regional paulista, desembargador Paulo Galizia.

“Esse projeto é muito importante para o Tribunal, principalmente para a democracia, é um exercício da democracia. Todos os que participam, seja como candidatos, eleitores ou mesários, reproduzem os passos de uma eleição na escolha do grêmio”, afirmou Galizia.

O vice-presidente e corregedor-regional Eleitoral, desembargador Silmar Fernandes, também esteve no encontro com os alunos. Ele contou que a Corregedoria é responsável pela fiscalização de 393 zonas eleitorais em São Paulo e que os membros da Corte são os guardiões da democracia. “Essa experiência de votar e ser votado é fundamental para que vocês aprendam a exercer a cidadania”.

O desembargador Silmar Fernandes participa da cerimônia de diplomação dos eleitos, prevista para a próxima terça (29), ocasião em que os vencedores serão oficializados integrantes da nova gestão do grêmio.

imprensa@tre-sp.jus.br

Acompanhe nossas redes

 |  |  |  |