O Sistema JE-Connect, desenvolvido pela Justiça Eleitoral, foi utilizado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) para a transmissão de 1.407.090 votos nas Eleições 2022 (686.197 votos do primeiro turno e 720.893 no segundo turno) a partir de 110 locais de votação. A tecnologia normalmente é utilizada em locais de difícil acesso, a fim de que não haja a necessidade de transporte das mídias de resultado até os cartórios eleitorais, permitindo a redução do tempo de envio dos votos para totalização.

Os resultados das urnas eletrônicas são criptografados e transmitidos por computadores da Justiça Eleitoral instalados em locais de votação e conectados a uma rede privada virtual (VPN), que garante total segurança ao tráfego de dados. Foram instalados 110 pontos de transmissão do JE-Connect, operados por 26 zonas eleitorais (ZEs), em 43 municípios de São Paulo. Na capital paulista, três ZEs empregaram a ferramenta em 28 pontos de transmissão: 374ª ZE – Rio Pequeno (25 pontos), 381ª ZE – Parelheiros (2 pontos) e 371ª ZE – Grajaú (1 ponto).

“Ganhamos de duas a três horas no trabalho de transmissão dos resultados”, afirma Paulo Rossi, chefe do cartório de Rio Pequeno, segunda maior zona eleitoral do país, com 255.425 eleitoras e eleitores. A unidade transmitiu todos os votos computados em seus 49 locais de votação, logística que foi repetida no segundo turno. Isso foi possível porque a equipe do cartório eleitoral instalou um computador a mais em cada um dos 25 locais de votação habilitados para uso do JE-Connect, dobrando a capacidade de transmissão dos dados. As mídias com os resultados das urnas dos outros 24 locais de votação foram levadas até as escolas mais próximas onde seria usado o JE-Connect, dispensando o transporte até a sede da ZE. “Eu não trouxe nenhuma mídia para o cartório. Tudo foi lido e transmitido de forma descentralizada”, declarou.

Na 371ª ZE – Grajaú, o JE-Connect foi utilizado de forma pontual. “Nós temos muitas escolas próximas, o que facilita nossos roteiros para buscar as mídias. O mesmo veículo passa em duas ou três escolas. A única mais isolada é a Adrião Bernardes”, explica o servidor responsável pela operação do sistema no cartório, Daniel Mendes, sobre o uso em um único local de votação. Dali até o cartório são 11 km de distância, trajeto percorrido em aproximadamente 50 minutos e que envolve, inclusive, o uso de uma balsa. “Às 17h20, mais ou menos, já tínhamos transmitido tudo”, ele afirma ao esclarecer a agilidade da ferramenta e comparar com o horário previsto para totalização desses votos, que seria por volta das 18h caso as mídias fossem levadas até o cartório eleitoral.

O JE-Connect foi disponibilizado a todas as zonas eleitorais do estado como ferramenta de contingência, de forma a garantir acesso ao TSE para transmissão dos resultados. “Digamos que no dia da eleição haja um problema com a rede do TRE-SP. O JE-Connect possibilita a conexão via outros TREs, explica a chefe da Seção de Treinamento e Conteúdos Digitais (SETCD) do Tribunal, Flávia Machado, responsável pela capacitação para uso do sistema. “Em condições normais, os computadores dos cartórios eleitorais do estado se conectam ao TSE por meio TRE-SP, mas, se for necessário, utilizando o JE- Connect, é possível fazer com que os arquivos de urna cheguem ao TSE para totalização por meio do TRE de Roraima, por exemplo”, completa.

Comunicação por satélite

Além do JE-Connect, outra tecnologia utilizada pela Justiça Eleitoral paulista na transmissão de resultados este ano foi a comunicação por satélite. Com o auxílio de aparelhos modem BGAN (Broadband Global Area Network), os 143 votos das urnas eletrônicas instaladas em Bonete e os 130 de Castelhanos, comunidades caiçara em Ilhabela, foram enviados para totalização em aproximadamente 10 minutos.

Por meio dos aparelhos BGAN, os computadores com instalação do JE-Connect podem acessar a rede privada virtual (VPN) da Justiça Eleitoral para transmissão dos votos. Mas nesse caso a conexão é feita por satélite, não pela internet, como explica o chefe da Seção de Homologação e Documentação (SEDH) do tribunal, Paulo Gonçalves, responsável pela transmissão em Bonete. “Tive que transmitir na praia, porque na escola tem muita árvore em volta e não tinha a visada [linha de transmissão]. E o modem precisa ter um apontamento direto para o satélite", explica.

As comunidades são atendidas pelo Projeto Inclusão Político-Eleitoral do TRE-SP, iniciativa voltada a viabilizar o voto de moradores de localidades isoladas e que possibilitou a criação de seções eleitorais em ambas. Assim, seus moradores puderam, pela primeira vez, votar perto de casa e evitar os deslocamentos por mar ou trilhas de 12 a 15 km no dia da eleição - trajetos que, sem a comunicação por satélite, seriam percorridos pelos servidores da Justiça Eleitoral para transmitir os resultados das urnas. “Se eu não conseguisse transmitir do local de votação, levaria mais ou menos 2h40 até chegar no posto eleitoral de Ilhabela e transmitir de lá”, afirma o servidor Igor Ribeiro, responsável pela operação do BGAN em Castelhanos. No entanto, com o sucesso na operação da ferramenta, esses votos foram incluídos na totalização às 17h37.

JE-Connect

Desenvolvido por técnicos do TRE de Tocantins em 2008 e aprimorado nos anos seguintes em conjunto com outros TREs, o JE-Connect hoje é utilizado em todos os estados do país.

Os dados que saem da urna já são criptografados e recebem outra camada de criptografia, que torna inviável qualquer invasão ou acesso não autorizado ou, ainda, adulteração dos resultados de uma seção eleitoral.  O kit de transmissão JE-Connect só envia dados para a rede privada da Justiça Eleitoral e para as portas específicas. Se o programa transportador não encontrar a assinatura digital que é gerada na urna eletrônica, não lê a mídia, o que inviabiliza o acesso aos dados.

Assim como todas as ferramentas do sistema eletrônico de votação, o JE-Connect também é fiscalizado por entidades como o Ministério Público, Polícia Federal e Forças Armadas.

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