Setembro Acessível: segundo dia do webinário abordou o tema “Acessibilidade Digital”

Evento explicou conceitos e boas práticas de comunicação na web

TRE-SP realiza webinário Setembro Acessível - uma conversa sobre a inclusão das pessoas com defi...

Nesta quarta-feira (29), o tema acessibilidade digital foi abordado no segundo e último dia do webinário Setembro Acessível. Foram apresentados conceitos sobre conteúdos acessíveis na web. Simone Freire, fundadora da Espiral Interativa (agência de comunicação digital especializada em acessibilidade) e idealizadora do Movimento Web para Todos, pontuou que sem a inclusão digital, as pessoas não podem exercer sua cidadania com autonomia.

A palestrante expôs que, conforme dados da OMS, há 1,3 bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência no mundo, sendo 45 milhões brasileiros. Para ela, não é a deficiência que limita essas pessoas a participarem do mundo digital mas, sim, a falta de acessibilidade.

De acordo com Simone, as principais barreiras para a acessibilidade digital são problemas nos links, falta de navegação por teclado, formulários que não funcionam, falta de contrastes e de zoom de tela, banners e pop-ups invasivos e falta de descrição de imagens, audiodescrição, janela de Libras e legendas.

A palestrante apresentou, ainda, alguns itens que podem contribuir para a difusão da acessibilidade digital, como a mudança de pensamento das pessoas envolvidas, a empatia, o estudo e a prática. “Todo mundo tem que protagonizar essa transformação para criar uma sociedade digital de fato inclusiva”, disse.

O diretor-presidente da Adeva (Associação de Deficientes Visuais e Amigos), Markiano Charan Filho, também contribuiu com o debate ao abordar sua vivência com a acessibilidade. Segundo ele, mesmo antes da internet, propagandas na TV não narravam o número do telefone de vendas para a compra dos produtos, constituindo uma barreira desde aquela época para as pessoas com deficiência visual.

O palestrante salientou sobre a importância da utilização do desenho universal, que é a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistida. “A pessoa com deficiência é consumidora e contribuinte, e como tal ela deve ser respeitada. Respeitar a pessoa com deficiência é você tornar as coisas acessíveis”. Segundo Markiano, o diálogo é a melhor forma de proceder com empresas que não cumprem critérios de acessibilidade, e, em último caso, faz-se necessário partir para outras vias como ouvidorias ou Ministério Público para garantir que a lei seja cumprida. “Quando você melhora a vida da pessoa com deficiência, você melhora a vida da sociedade inteira”, afirmou.

Também palestrou no evento a jornalista e idealizadora do Maria Inclusiva, Elza Maria Albuquerque. Para ela, é importante pensar na acessibilidade desde o início do desenvolvimento de qualquer conteúdo. “Se a gente pensar em diversidade de formatos para colocar em prática, a gente consegue alcançar públicos diferentes”, disse, em relação à atuação na área da comunicação.

A palestrante deu dicas sobre conteúdo digital acessível, como: formular textos na voz ativa e em ordem direta; evitar marcadores de gênero desnecessários; fazer a descrição de imagens; evitar o alinhamento centralizado nos textos, dando preferência ao alinhamento à esquerda; evitar textos em itálico e usar emojis com moderação. Além disso, incluir audiodescrição, Libras e legendas em vídeos.

Outro que trouxe experiência pessoal para o debate foi o jornalista e youtuber Marcos Lima, do canal Histórias de Cego. Ao mencionar suas dificuldades em pegar transporte público no Rio de Janeiro, creditou o problema não à deficiência em si, mas à falta de acessibilidade e o preconceito. “Todos nós temos algum tipo de deficiência, a diferença é que a vida é acessível para a sua deficiência”, afirmou.

Marcos relatou ainda sua dificuldade em ler sites pela alta concentração de anúncios, mas em contrapartida revelou como os smartphones facilitaram seu acesso ao mundo digital, devido ao desenvolvimento de tecnologias de acessibilidade.

O evento está disponível no canal do TRE no YouTube.

 

 

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